A pandemia do novo coronavírus tem afetado a população
brasileira em vários aspectos. Um dos mais cruéis é o aumento de ataques a um
grupo normalmente alvo de ações criminosas e desumanas: o idoso. De acordo com
o Disque 100 do Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, canal de
denúncias de violações aos direitos humanos, o aumento de ligações acusando
ataques contra idosos passou de 3 mil no início de março para quase 17 mil em
maio. São maus tratos por negligência, violência psicológica, física ou abuso
financeiro registrados diariamente.
As estatísticas do Disque 100 chamaram a atenção da
Corregedoria Nacional de Justiça – CNJ, que, por meio do seu corregedor,
ministro Humberto Martins, editou em 22 de junho a Recomendação nº 46 destinada
aos cartórios extrajudiciais do Brasil para que adotem medidas preventivas para
coibir a prática de abusos contra pessoas idosas. Segundo o normativo, havendo
indícios de qualquer tipo de violência contra idosos nos atos a serem
praticados perante notários e registradores, o fato deve ser comunicado
imediatamente ao Conselho Municipal do Idoso, Defensoria Pública, Polícia Civil
ou Ministério Público.
Os desdobramentos das estatísticas do Disque 100 neste
período de pandemia continuaram e, baseada na recomendação do CNJ, a Associação
dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR) idealizou a campanha
Cartório Protege Idosos, cujo objetivo principal é esclarecer e orientar a
população sobre as medidas preventivas a ações contra pessoas idosas. Para
isso, uma série de materiais informativos está sendo distribuída nos canais de
comunicação de todo o país, recebendo atenção especial o atendimento presencial
ou digital ao idoso.
Na prática, tabeliães e registradores devem sempre verificar
se há a efetiva vontade espontânea da pessoa idosa em realizar qualquer tipo de
ato ou se a solicitação está ocorrendo mediante algum tipo de coação.
Antecipação de herança, venda de imóveis e outros procedimentos relacionados a
bens e recursos de idosos são os atos mais visados pelos criminosos. Ao
observar sinal de irregularidade, o cartório comunica aos órgãos indicados pelo
Provimento 46.
Em Sergipe, todos os cartórios estão integrados à campanha
Cartório Protege Idosos. Segundo o presidente da Anoreg-SE (Associação dos
Notários e Registradores de Sergipe), Henrique Maciel, eles estão trabalhando
atentos à recomendação do CNJ e divulgando, tanto em suas unidades físicas
quanto pelas redes sociais, as informações e alertas para a segurança desse grupo
vulnerável.
Fonte: Infonet