Em diligências no Maranhão, deputados da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara cobraram a titulação de terras quilombolas no
entorno da Base Espacial de Alcântara. Eles visitaram as comunidades Mamuna e
Marudá nos últimos dias 4 e 5 juntamente com representantes dos Ministérios
Públicos da União e do estado.
Ao todo, 29 comunidades quilombolas temem ser
remanejadas devido ao acordo que Brasil e Estados Unidos firmaram em março para
o lançamento de foguetes e satélites norte-americanos a partir de Alcântara.
Segundo os deputados, os cerca de 2 mil quilombolas da região estão apreensivos
com os efeitos do possível uso comercial da base espacial. Antes da ratificação
do acordo pelo Congresso Nacional, o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) cobrou a
imediata titulação de terras quilombolas e as contrapartidas de políticas
públicas não atendidas pelo governo brasileiro desde a criação da base
espacial, em 1983.
“No acordo em si, não há nada relativo às
comunidades quilombolas, nem de bom nem de ruim. Mas a repercussão e os
passivos históricos estão em pauta nesse momento. Então, é necessária uma
atitude do governo federal para finalmente resolver os passivos já
judicializados e que precisam apenas de vontade política do governo para serem
resolvidos”.
Os deputados Helder Salomão (PT-ES) e Bira do
Pindaré (PSB-MA) também participaram das diligências da Comissão de Direitos
Humanos em Alcântara. Na quarta-feira (10), os deputados e os procuradores
farão audiência pública em Brasília para articular ações que atendam as
reivindicações dos quilombolas. No mesmo dia, deve ser relançada a Frente
Parlamentar Mista em Defesa das Comunidades Quilombolas.
O acordo entre Brasil e Estados Unidos (MSG
208/19) já está pronto para votação na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Sob os argumentos de que o texto não fere a soberania brasileira e pode gerar
emprego e renda na região, o relator, deputado Hildo Rocha (MDB-MA), apresentou
parecer favorável ao acordo.
“É salvação de toda aquela área, não só de
Alcântara, mas de toda a baixada maranhense. O próprio Tribunal de Contas da
União fez uma fiscalização há pouco tempo sobre a base de Alcântara e chegou à
conclusão de que deve ter o acordo de salvaguarda tecnológica para que se
viabilize a base espacial. E a base viabilizada vai gerar emprego e
consequentemente essas comunidades serão beneficiadas porque fazem parte do
município de Alcântara”, argumentou.
Hildo Rocha acrescentou que o acordo entre
Brasil e Estados Unidos em torno da base espacial de Alcântara vai inserir o país
no mercado mundial de lançamento de foguetes e satélites, com possibilidade de
ganhos de 10 bilhões de dólares a partir do ano 2040. Antes de chegar ao
Plenário da Câmara, o acordo também será submetido às Comissões de Ciência e
Tecnologia e de Constituição e Justiça.
Fonte: Câmara dos Deputados