O Plenário do Senado aprovou
nesta terça-feira (2), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) que inclui a proteção de dados pessoais disponíveis em meios digitais na
lista das garantias individuais da Constituição Federal. A PEC
17/2019 foi aprovada com 65 votos favoráveis em primeiro turno e 62
favoráveis em segundo turno. Não houve votos contrários nem abstenções. O texto
segue agora para votação na Câmara dos Deputados.
A proposta, do senador Eduardo
Gomes (MDB-TO), foi relatada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS). O autor
disse que a proteção de dados pessoais é uma continuação da proteção da
intimidade. Ele e os demais senadores apoiadores da medida buscam
assegurar a privacidade desses dados em âmbito constitucional, de modo a
resguardar a inviolabilidade das informações dos cidadãos que circulam na
internet.
Segundo a relatora, a PEC deixa
claro que é competência da União legislar sobre a proteção de dados pessoais.
— Constitucionalizar a questão
significa o Estado dizer que reconhece a importância do tema, classificando
esse direito à proteção de dados como fundamental. Ou seja, o Estado, a
sociedade, o cidadão, podem ter direito, como regra geral, ao conhecimento do
outro, desde que haja realmente necessidade. Do contrário, é preciso preservar
ao máximo a intimidade e a privacidade dos dados — explicou.
Para a senadora, o empenho para
aprovar a PEC demonstra o compromisso do Brasil em relação à proteção de dados
pessoais, “aproximando nosso país das melhores legislações internacionais sobre
o tema”.
Simone afirmou que a doutrina e a
jurisprudência já reconhecem que o direito à privacidade vai além da proteção à
vida íntima do indivíduo. E citou algumas normas infraconstitucionais — a
exemplo do Marco Civil da Internet (Lei
12.965, de 2014), da sua regulamentação (Decreto
8.771, de 2016) e da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei
13.709, de 2018) — como avanços que precisariam ser consolidados por essa
mudança constitucional.
— Não basta mais termos normas
infraconstitucionais, precisamos agora constitucionalizar esse direito — disse
a senadora.
O aprimoramento da legislação e
de práticas corporativas no mercado cada vez mais tecnológico e competitivo já
ocorre nos Estados Unidos e na União Europeia. Em 2018, a Regulação Geral de
Proteção de Dados entrou em vigor nos países da União Europeia, impulsionada
pelo escândalo da Cambridge Analytica, empresa que trabalhou para as campanhas
do presidente norte-americano Donald Trump e do Brexit, beneficiando-se do
vazamento de dados de milhões de usuários do Facebook.
O senador Esperidião Amin (PP-SC)
afirmou que estava votando favorável à PEC, porém “com saudade da época em que
podíamos ter dados pessoais protegidos”.
O senador Antonio Anastasia
(PSDB-MG) também elogiou o texto e afirmou que o direito à proteção de dados
integra a quarta geração de direitos humanos fundamentais. O senador Marcio
Bittar (MDB-AC) acrescentou que a mudança vai fortalecer o princípio da
inviolabilidade dos dados pessoais.
Por sua vez, a senadora Rose de
Freitas (Podemos-ES) disse que o tema tem extrema relevância social.
— Hoje o Congresso Nacional vota
uma matéria pertinente para que a gente tenha a garantia de preservação dos
nossos dados pessoais — afirmou.
Já a senadora Eliziane Gama
(Cidadania-MA) acrescentou que a PEC traz segurança jurídica e é um direito que
não poderá mais ser retirado do texto constitucional.
Também elogiaram a proposta os
senadores Roberto Rocha (PSDB-MA) e Rodrigo Cunha (PSDB-AL).
Fonte: Agência
Senado